Somos uma sociedade do Design, emergida em uma cultura estritamente visual onde os aparelhos domésticos e eletrônicos criaram um novo vocabulário gráfico que hoje faz parte da compreensão coletiva.
As gerações nascidas dos últimos 30 anos acompanharam toda a revolução eletrônica na linguagem visual dos meios de comunicação, iniciada nas transmissões de TV via satélite até aos atuais aparelhos de comunicação e navegação de Internet portátil, como I-phones e Blackberries. Nesse processo nossa sociedade assimilou toda a evolução de um novo vocabulário visual, hoje composto por ícones em movimento, gradientes, telas e janelas em complexa navegação sequencial, por vezes não linear.
Também as facilidades de troca de informação e acesso a conteúdos mudaram os processos de produção e consumo em vários setores. Essa agilidade e imediatismo exigidos também mudou o tempo de produção, a resiliência de conceitos e imagens usados em design e comunicação.
Observe e questione, quanto tempo uma campanha ou embalagem ficam expostas ao público? Quantas ações e rejuvenescimentos são necessarias para fixar uma mensagem junto a uma audiência competindo com o excesso de informação oferecido massivamente em todos veículos de mídia?
Mais que isso estamos em uma sociedade onde a evolução tecnológica permite ao público produzir seus próprios Designs. É possivel afirmar que de posse de um computador doméstico, um razoável software gráfico e uma impressora possibilitam qualquer indivíduo mais curioso e hábil a aventurar-se a produzir seus próprios Designs personalizados.
Pessoas mais habilidosas com um senso estético mais apurado se atrevem inclusive a ir além, produzindo editoriais para seus clubes, cartões para seus eventos em familia e numa escala maior a própria identidade visual de seu estabelecimento comercial. Não distante, com resultados muito razoáveis suprindo suas necessidades de comunicação.
Num outro nível mas face ao mesmo panorama, proliferam empresas de design e comunicação oferecendo serviços com qualidade técnica quase indiferenciáveis. A hegemonia de certos softwares de criação, as redes de contato de profissionais criativos e a globalização dessas informações tornam os resultados gráficos e visuais indistintos e homogênicos.
Assim surgem novas competências necessárias ao profissional Designer dentro de novas realidades de audiências cada vez mais segmentadas. A ele não basta mais conhecer o último software de computação gráfica, ser um conhecedor de tipologia e grids de diagramação, ou um exímio ilustrador. O Designer precisa entender sua audiência e ter uma profunda compreenção do mercado a ser atendido para construir mensagens claras e objetivas. Em seu trabalho criativo é preciso relevar as diversas relações que permeiam contextos e aspectos sócio-culturais observando não mais aspectos de uma sociedade como um todo, mas de micro-grupos estabelecidos em relações societais muito particulares.
É incontestável que na atual sociedade qualquer individuo cercado de aparatos digitais pode se atrever a desenvolver Designs, contudo somente o profissional preparado é quem saberá verdadeiramente como colocar o Design apropriado no lugar correto.
Márcio Fábio Leite
MA Graphic Designer
University of the Arts London / LCC
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